terça-feira, 22 de maio de 2007

Focas se perdem no dialeto das redações

Allan Santin, da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)

Nas redações os profissionais falam palavras diferentes à maioria da população. Muitas palavras vêm do inglês, outras, do português mesmo, mas não parecem fazer nenhum sentido. Trata-se da linguagem técnica utilizada pelos jornalistas. Dentro da faculdade, aparece uma coleção delas, mas é no mercado de trabalho que o ‘foca’ se vê obrigado a aperfeiçoar o seu vocabulário, para entender o que se passa ao seu redor. Em tempo, foca é a expressão utilizada para chamar os repórteres iniciantes. Ou seja, um dia, todo jornalista já foi um.


Foca
Segundo o Guia dos Curiosos, organizado por Marcelo Duarte, o termo “foca” traduz o novato. No guia, que tem um parágrafo sobre o tema, Tião Gomes Pinto, diretor de redação da Revista Imprensa explica que “O foca sempre entra numa fria”, “aprende rápido a realizar pequenas tarefas em troca de poucas sardinhas”, “fica boiando o tempo todo”, “ele tem um ar puro, inocente”. O jornalista até criou uma lista de discussão na internet onde alguns colegas dão explicações mais etimológicas. “Foca vem da palavra latina fócula, utilizada para designar ignorantes próximos do poder e subservientes ao extremo”.

Artimanha
Como visto, as gírias usadas por jornalistas não possuem sempre um significado lógico. Porém, é de extrema importância que o futuro comunicador conheça tais expressões e seu uso. O vocabulário técnico pode ajudar inclusive na prática. No passado, nem tão pretérito assim, um jornalista que queria despistar alguma fonte ou autoridade incômoda que insistia em aparecer, pedia ao fotógrafo fazer uma “chapa 11”. A senha era infalível, o fotógrafo acendia o flash da câmera e a satisfação estava garantida. Obviamente, nada seria publicado pois nenhuma foto havia sido tirada. O termo nasceu na época em que as câmeras possuíam filmes que tinham 10 poses e ainda hoje sobrevive.

Lista de termos jornalísticos
Conheça alguns dos termos usados por jornalistas no dia-a-dia das redações.

Barriga – Publicar notícia irreal, que não teve as fontes devidamente checadas.
Cair - Diz-se de uma reportagem que não será mais utilizada. Sinônimo de derrubar.
Chupar - Plagiar. Usa-se a expressão “chupar matéria”.
Cozinha - Termo usado para definir as funções ligadas ao fechamento do jornal.
Cozinhar - Reescrever texto de outro veículo.
Drops - Notas curtas.
Emplacar - Aprovar uma pauta, realizar a matéria e publicá-la. “Emplacar matéria”.
Enxugar - Eliminar termos desnecessários, informações e observações excedentes de um texto.
Espelho - O desenho modelo da página onde entrará uma matéria, também conhecido como “Boneco”.
Esquentar - “Esquentar matéria” ou “requentar matéria”. Fala-se de matérias reutilizadas, como nova informação.
Estourar (o prazo) - Passar da hora de entregar a matéria.
Furo - É a notícia dada em primeira mão, com exclusividade.
Gancho – Fato principal da matéria que pode gerar outras, no mesmo dia ou no dia seguinte (suíte).
Iceberg – Texto extenso, que ocupa a página interna, geralmente na primeira página.
Jabá - “Presentes” dados a jornalistas para comprar a sua imparcialidade; tráfico de influência ou pagamento de propina.
Mastigar - Destrinchar, explicitar, ser didático.
Muleta - Recurso de usar palavras desnecessárias para esticar o título.
Olho – Pequena frase, geralmente citação, em destaque no meio, antes ou depois de texto.
Ombudsman - Profissional responsável pelos interesses do público. Tem a função de criticar o veículo e seu trabalho.
Lead - O primeiro parágrafo do texto, onde estão as principais informações da notícia. O quê? Quem? Quando? Como? Onde? e Por que?
Pastel - Colocar de forma errônea os elementos gráficos em uma página. Pode ocorrer em textos, fotos, legendas etc; pode ser pequeno ou grande.
Pauta - Informações e dicas para o cumprimento de uma reportagem, elaborado pelo pauteiro.
Pirulito - Texto pequeno.
Pescoço - Realizar a antecipação de cadernos e matérias que serão publicadas no final de semana.
Vazar - Divulgação de informação supostamente sigilosa e que chega a redação.

(*) Alessandra Ferreira - Professora responsável
Aluno: Allan Santin (6º período)

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pessoal, tirei esse texto do site Comunique-se (http://www.comunique-se.com.br/conteudo/newsshow.asp?op2=&op3=&editoria=873&idnot=6325)

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